sábado, 26 de maio de 2012

Filosofia e Ciência


Na antiguidade, a filosofia confundia-se com a ciência; ou melhor, a ciência não se distinguia da filosofia; a ciência moderna — com seu ideal de medida e verificação e seus métodos rigorosos — ainda não havia nascido, e já a palavra filosofia designava o conjunto do saber. Aristóteles, por exemplo, declarava: "Concebemos o filósofo, primeiro que tudo, como possuindo a totalidade do saber, na medida do possível". No século XVII, a palavra filosofia ainda é, comumente, sinónimo de "ciência física". Por exemplo, a obra fundamental em que Newton expõe sua mecânica intitula-se "Princípios matemáticos de filosofia natural". Em página muito célebre de seus "Princípios de Filosofia", Descartes declarava que "toda a filosofia é como uma árvore cujas raízes são a metafísica, o tronco a física e os três ramos principais a mecânica, a medicina e a moral". Assim, não só a metafísica ou filosofia primeira (estudo de Deus, da alma, do conhecimento em geral) e a moral são para Descartes, como para nós, disciplinas filosóficas; mas "ciências" no sentido moderno — como a física, a mecânica ou mesmo as técnicas — ciências aplicadas como a medicina, fazem parte da filosofia. Aliás, as quatro partes de que se compõem os "Princípios de Filosofia" intitulam-se respectivamente: "Dos princípios do conhecimento humano", "Dos princípios das coisas materiais", "Do Mundo visível" etc. e, finalmente, "Da Terra".