sexta-feira, 15 de maio de 2009

O DESGASTE DE SER PROFESSOR


Aprenda como pequenas mudanças de hábitos podem melhorar seu trabalho

De manhã em uma universidade, durante a noite em outra. De uma sala de aula para outra, depois de um pequeno intervalo de 20 minutos. Provas para corrigir, atividades para preparar, matérias para explicar. São horas e horas em pé, falando para a classe ou inclinado sobre a escrivaninha para elaborar a próxima aula. Ser professor é desgastante sim, mas é possível se prevenir e evitar complicações que podem tirá-lo da sala de aula por algum tempo.
Não é segredo para ninguém que a principal ferramenta de trabalho dos professores não é o livro e nem uma transparência refletida na parede: é a voz. Afinal, sem ela, seria mais difícil transmitir conhecimento para os alunos. Por isso que cuidar das "pregas vogais", mais conhecidas como "cordas vocais" é fundamental para manter a qualidade de vida e profissional dos docentes.
Com base em uma pesquisa norte-americana, feita por Nelson Roy, da University of Utah, as fonoaudiólogas Fabiana Zambon, do Sinpro-SP (Sindicato dos Professores de São Paulo) e Mara Behlau, do CEV-SP (Centro de Estudos da Voz - São Paulo) iniciaram uma pesquisa com professores e não-professores para verificar os problemas de voz que a profissão acarreta.
O estudo ainda está em fase inicial, concentrado no Estado de São Paulo, mas já tem números expressivos sobre a saúde vocal dos professores, da Educação Básica ao Ensino Universitário. "Vimos que professores e não-professores que já tiveram problemas de voz em uma porcentagem parecida. Mas os docentes têm muito mais alterações recorrentes", conta Fabiana. Dos 259 professores pesquisados, 62,9% afirmam que já sofreram problemas vocais e mais de 15% acreditam que precisarão mudar de ocupação no futuro por conta de problemas na voz.
Os motivos que levam ao desgaste vocal dos professores são, principalmente, a falta de preparo e o uso excessivo e inadequado da voz e as condições impróprias de trabalho. E não é apenas o professor que sai prejudicado, os alunos também perdem em qualidade de ensino. São aulas perdidas, matérias atrasadas e reposições feitas às pressas.

DICAS: O QUE FAZER...
- Beba regularmente água em temperatura ambiente, em pequenos goles, quando estiver dando aulas. A água hidrata as pregas vocais.
- Articule bem as palavras.
- Evite o contato direto com o pó de giz. Quando for apagar a lousa afaste o rosto e evite espalhar o pó, usando o apagador no sentido de cima para baixo.
- Mantenha uma alimentação saudável e regular. Evite alimentos "pesados" no período que você estiver lecionando.
- Evite o café, bebidas gasosas e o cigarro. Eles irritam a laringe. Além disso, o cigarro aumenta a chance de câncer de laringe e pulmão.
- Evite consumir derivados de leite em excesso, pois engrossam a saliva e aumentam a vontade de pigarrear.
- Na hora de acordar e levantar da cama, espreguice e faça alongamentos tentando relaxar.
- Durante o banho, deixe a água quente cair nos ombros, fazendo leves movimentos de rotação com a cabeça e ombros. Isso ajuda a diminuir a tensão do dia-a-dia.
- Com orientação fonoaudiológica, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal, antes e depois das aulas.
- Na sala de aula, utilize recursos que aumentem a participação dos alunos e ajudem a poupar a voz.
- Utilize alguns intervalos para descansar a sua voz.
- Se possível, utilize microfone durante a aula, desde que sua voz esteja treinada para usá-lo.
- Consulte anualmente o serviço de fonoaudiologia e otorrinolaringologia para prevenir possíveis problemas.

DICAS: O QUE NÃO FAZER...
- Gritar. É importante que o professor evite concorrer com ruídos que acarretem um aumento na intensidade vocal (carros, aviões, retroprojetor, ventilador etc).
- Sussurrar. Essa ação força as pregas vocais.
- Pigarrear. Essa ação causa um forte atrito na pregas vocais, irritando-as.
- Ingerir líquidos em temperaturas extremas, ou seja, muito gelados ou muito quentes.
- Falar de lado ou de costas para os alunos. Quando fazemos isso a tendência é aumentarmos a intensidade vocal.
- Falar enquanto escreve na lousa. Isso faz com que o professor tenha que aumentar a intensidade de sua voz e que aspire o pó de giz.
- Chupar uma bala forte quando estiver com a garganta irritada. Isso mascara o sintoma e o professor tende a forçar a voz sem perceber. Quando o efeito da bala passa a irritação na garganta aumenta.
- Roupas pesadas e que apertem a região do pescoço e abdômen.

Fonte: Sinpro-SP