segunda-feira, 26 de março de 2012

VERDADE

A palavra verdade pode ter vários significados, desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abarcavam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão. Como não há um consenso entre filósofos e acadêmicos, várias teorias e visões a cerca da verdade existem e continuam sendo debatidas.
Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo". Mas para a filosofia de René Descartes a certeza é o critério da verdade. Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.
O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.
Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas. Filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável. A refutação do relativismo, como Aquino colocou, basea-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece por que se uma pessoa declara que "Todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa; então, ela se auto-refuta. Ela se refuta por que a declaração encontra uma verdade sobre relativismo que determina que uma importante verdade relativista não é relativa. Por que a declaração não é relativa, o ouvinte é forçado a concluir que a declaração "Todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa. Por outro lado, se todas as verdades são relativas, incluindo a afirmação de que "Todas as verdades são relativas", nesse caso, se for relativa aos desejos do ouvinte, então, se ele não quer acreditar que "Todas as verdades são relativas", ele não é obrigado a crer na afirmação.Nesse caso é o desejo dele contra o desejo de quem afirma. Por que as verdades são relativas, ele é livre para acreditar em qualquer varição da verdade. Ele pode, inclusive, crer que "Todas as verdades são absolutas"